2009/02/24

Inverno

A minha janela é a moldura de um conjunto magnífico de árvores. e são elas que tantas vezes me lembram a mudança das estações ao longo do ano.
Na Primavera, a folhas novas de um verde viçoso são o abrigo de um casal de melros; no Verão, as mesmas folhas tomam um tom mais escuro e todas juntas são a sombra que protege do calor; no Outono, as folhas mudam novamente de cor numa encenação cromática delirante da morte que se há-de seguir, caem e deixam a árvore que lhes deu vida, despida; finalmente, no Inverno, as chuvas correm pelos troncos rugosos, os ramos abanam ao vento mas entretanto as árvores regeneram-se para o novo ciclo que há-de vir.

O Inverno é uma estação extraordinária, injustamente desprezada e desvalorizada, regra geral é conotada com o recolhimento e a morte (óbvia nos seres vivos que nos rodeiam). No entanto, na História, a Idade Média foi o Inverno no qual aconteceram importantes modificações sociais/culturais que foram precursoras do esplendor do Renascimento. Na Biologia, o Inverno, através das condições climatéricas rigorosas, desempenha um papel fundamental na selecção das espécies. Depois de cada Inverno, os indivíduos que lhe sobrevivem são mais fortes e asseguram a transmissão de um código genético mais resistente.

Tenho para mim que nas nossas vidas também existem invernos, nos quais há o frio e a chuva e o granizo e vento, que deixam mazelas mas se tudo correr bem, estaremos mais fortes na próxima Primavera.

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