Finalmente, estou de volta a Dili, Timor.
O clima social está admiravelmente calmo em Dili, aliás, se não fossem alguns detalhes, quase se poderia dizer que não está muito diferente de 2005. Infelizmente existem sessões, demasiado, frequentes de pedradas em alguns bairros problemáticos, como Comoro e Pité; quase não circulam taxis à noite; há um movimento constante de helicópteros na cidade e as patrulhas de neozelandezes e australianos, em camuflado, armados até aos dentes, transportam-nos para um clima de guerra urbana que não existe.
O clima social está admiravelmente calmo em Dili, aliás, se não fossem alguns detalhes, quase se poderia dizer que não está muito diferente de 2005. Infelizmente existem sessões, demasiado, frequentes de pedradas em alguns bairros problemáticos, como Comoro e Pité; quase não circulam taxis à noite; há um movimento constante de helicópteros na cidade e as patrulhas de neozelandezes e australianos, em camuflado, armados até aos dentes, transportam-nos para um clima de guerra urbana que não existe.
Começamos por apanhar um mikrolet, uma espécie de mini-bus que transporta de tudo, sacos de arroz, legumes, lenha, motos, bicicletas, galináceos que andam debaixo dos bancos, porcos amarrados no tejadilho e/ou janelas e claro também passageiros em número indeterminado, que se acomodam como podem entre as mercadorias, pendurados nas portas e no tejadilho. Viajem simpática entre Balide, um dos bairros de Dili, até Maubisse, passando por Aileu, quatro horas para 75kms, por uma estrada de montanha que em certos troços está muito estragada.
Sensivelmente a meio da caminhada desembocamos no estradão que liga a estrada Maubisse-Same a Hatu Builico, o nosso destino para o primeiro dia. Nesta fase a caminhada tornou-se mas fácil, o declive é muito menor nesta parte do caminho também não existia a lama. A última parte foi já realizado à noite com a ajuda preciosa das lanternas. Neste primeiro dia caminhamos 23kms.
A Hatu Builico, ficamos na Pousada do Alecrim, a única existente e jantamos muito decentemente. Pelas informações que recolhemos na pousada, a última mikrolet que passaria na estrada para Maubisse, fa-lo-ia por volta das 16horas. Por isso decidimos iniciar a marcha às 5h para podermos subir e descer ao Ramelau e ainda termos tempo suficiente para a última parte da jornada. A caminhada para o Ramelau, não foi muito diferentes das duas que tinha realizado anteriormente. Numa primeira fase, desde a pousada até o designado "parque de estacionamento", de facto um prado no sopé do monte, através de um estradão largo bastante íngreme. Na segunda fase, por um trilho bem marcado também íngreme, sempre no sentido dos ponteiros do relógio. A ascensão é feita desde os 2100 até os 2960 em cerca de 6km. Nos últimos anos têm acontecido alguns deslizamentos de terras que danificaram bastante uma zona do trilho, assim, na subida, contornamos o principal deslizamento a corta-mato, o que foi difícil e atrasou-nos quase uma hora. Na descida decidimos utilizar um trilho alternativo, o que se revelou uma excelente decisão.
De volta a Hatu Builico, fizemos um pequeno almoço rápido e encontramos um Pedro completamente revigorado e cheio de energia que marcou o ritmo da parte final da caminhada até a estrada. Note-se que este troço consiste em cerca de 20kms num estradão a partir do qual pudemos apreciar o Ramelau e inúmeras aldeias espalhadas pelo sopé. Apesar do ritmo rápido, necessário devido à necessidade de chegar à estrada antes da 16horas, foi sem dúvida uma troço muito catita. Como era domingo, encontramos muitos timorenses em trajes domingueiros no caminho de volta das missas matinais. Experimentei um profundo sentimento de regresso à minha infância, e aos hábitos portugueses de há algumas décadas. Na ponta final encontramos duas boleias, a primeira permitiu encurtar a caminhada em cerca de 4kms, uma pickup que movia de forma alucinada pelas estradas lamacentas e sempre na borda das ravinas. A memória recente de uma acidente, muito divulgado na comunicação social, que envolveu uma série de colegas do projecto FUP/UNTL, nessa mesma estrada, tornou este troço motivo de ansiedade, particularmente para a Alice, que foi incapaz de descolar os olhos do trajecto. Na segunda boleia, a Júlia, uma estudante de Economia na UNTL, trouxe-nos com os seus dois amigos até Dili.
Quanto aos números secos que dizem quase nada, nos dois dias caminhamos aproximadamente 55kms, e acumulamos uma ascensão total de 3000mts.
5 comentários:
Por qual encosta é que subiram o Ramelau ?:)
Aproveita e boa sorte!!!
Grande Abraço Pedro Carvalho (Silva)
Bem bom, vão contando o resto das aventuras.
abraço e beijo pá ruiva
Olá! Li um pouco e depois venho ler o resto.
Um beijo para a Sofia e para ti!
Jorge, boddy! Tudo bem?
Estou ancioso para ler as tuas histórias em terras e mares tão longínquos.
A partir de agora este blog vai ser de leitura obrigatória para saber as aventuras dos portugas em Timor.
Não te esqueças de acompanhar devidamente o teu boddy nos mergulhos - para boddy abandonado já bastou a minha pessoa! :)
Abraço,
Daniel Martins
Interessante.
Rui
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