O mar
A ideia de ir mergulhar a Jaco nasceu de uma conversa ocasional com o Mark do Dive Timor Lorosae. O sorriso e os gestos largos deste simpático australiano acentuaram a ideia base da conversa, Jaco é o melhor sítio do sudeste asiático para mergulhar. O estreito, entre a praia de Tutuala e o ilhéu de Jaco, foi apresentado como o paraíso dos mergulhadores. Não foi preciso mais nada, (logo, logo) os mergulhadores da nossa casa (o Mário, a Alice, a Sofia e eu próprio) estavam convencidos.
O ir
Antes de decidirmos mergulhar, averiguamos sobre a hipótese de mergulharmos com um dos clubes de mergulho existentes em Dili, o Dive Timor Lorosae e o Free Flow. Impossível, os seiscentos quilómetros (ida e volta) tornam este mergulho desinteressante para os clubes. Assim sendo, optamos por mergulhar por conta e risco. Recolhemos informações sobre as condições dos mergulhos a fazer, locais, correntes, forma de alugar barco, material a levar, os riscos, enfim, tudo como dizem os livros.
Como quase sempre tem acontecido, a “família” da casa 2 do bairro uniu-se em torno do projecto de mais um fim de semana, e para além dos mergulhadores, foram também para Jaco, o Pedro e o Rui. Depois de participar na caminhada do Matebian, a Carla, decidiu juntar-se novamente ao grupo e com ela veio o Luís (por sinal, mais um a mergulhador). Como mergulhador atraí mergulhador, o Nuno Bento também se juntou ao grupo e trouxe o Pedro. Para completar, o António que originalmente só iria aproveitar uma boleia para Tutuala, acabou por passar o fim de semana todo connosco. Em resumo, onze pessoas, três jipes cheios de material de mergulho e “esnorkeling” (como diz um amigo das Pampas) e muita boa disposição.
Na primeira noite, sexta-feira, dormimos na Pousada Roberto Carlos em Lospalos, que é cara, tem uns horríveis lençóis sintéticos e é gerida por um sujeito (Roberto Carlos que dá o nome à pousada) prepotente e muito pouco simpático.
No sábado de manhã concluímos a viagem até Tutuala, sendo que a parte final é a mais complicada devido ao estado das estradas. Que diga-se em abono da verdade estão a ser agora melhoradas.
Já na praia, sem dificuldade contratamos um barco de pescadores e fomos para o mar. As condições não eram as melhores, havia ondulação e a visibilidade não parecia a melhor. Depois de conversamos sobre as correntes com os pescadores, o local escolhido para mergulhar foi a praia norte de Jaco, pois a outra alternativa, um parede em Tutuala, não tinha condições devido às correntes muito fortes. De acordo com o planeado, mergulhou primeiro um grupo de duas pessoas, o Luís e o Nuno, enquanto os outros ficavam no barco. Isto porque tanto o Wayne do Free Flow como o Mark do Dive Timor nos alertaram para não confiarmos nos pescadores (!!!).
O mergulho foi razoavelmente curto devido às correntes fortes e por essa razão, os outros três elementos (Mário, Sofia e eu), decidimos não mergulhar nesse dia.
À noite, após o jantar, a conversa à volta da fogueira e dormida na praia, com a melodia do mar por companhia, enfim, tivemos mais uma noite explêndida, o que acontece frequentemente por estas bandas.
Domingo, dia D, saímos cedo para os mergulhos. O mar parecia mais calmo e como tivemos a companhia do Pedro e do António que iam a assegurar a vigilância a partir do barco, decidimos mergulhar os cinco em simultâneo. Local, novamente na praia norte de Jaco. Começamos o mergulho e as correntes fortes puxaram-nos rapidamente para os estreito. Quando decidimos interromper o mergulho já estávamos quase na ponta sul do estreito. Com os tanques ainda meio cheios, decidimos um segundo mergulho junto à praia, a baixa profundidade, nas palavras do Luís, um snorkeling melhorado. O mergulho começou bastante bem, apesar da visibilidade fraca. No entanto, com o decorrer do mergulho, a corrente foi aumentando e quando retornamos à superfície, tínhamos em torno de nós, ondas de um dimensão significativa que nos empurravam para a praia, enquanto que a corrente nos puxava para a costa este de Jaco (em sentido contrário).
Os barcos não se aproximavam de nós, após algum tempo a nadarmos (sem resultados) para nos aproximarmos dos barcos, estes foram embora (!!) . O grupo mostrava alguma apreensão e devido às ondas separou-se em dois, Sofia e Nuno foram mais para Oeste, enquanto que o Mário, o Luís e eu ficamos mais a Leste. Quando verificamos que os barcos não reapareciam, decidimos nadar para a praia, contra a corrente mas aproveitando a ondulação. Para meu grande alívio, a Sofia juntou-se novamente ao meu grupo nesta fase. Esta manobra foi demorada, talvez meia hora, e na parte final foi um pouco complicada pois necessitamos de passar a zona de rebentação carregados com o material todo.
O voltar
Quando finalmente nos encontramos todos na praia, entre um enorme cansaço, houve sorrisos e palavras de satisfação que traduziam bem o alívio que todos (em diferentes graus) sentíamos. Passados uns minutos, encontramos o António e o Pedro, que se aproximaram num misto de alvoroço e alegria por nos verem. Segundo eles, os pescadores recusaram-se a ir buscar-nos naquele local porque seria perigoso para os barcos. Enfim, creio que ainda precisarei de muitos anos para compreender/aprender esta forma diversa de ver o mundo e a vida.
Este fim de semana foi muito rico de experiências e lições apreendidas. Claro que as opiniões podem ser muito diversas mas tenho para mim, que valeu mesmo a pena. A minha irmã (que saudades) costuma dizer que o carvão e os diamantes são feitos da mesma matéria mas distinguem-se pela pressão a que são formados. Passe a imagem fraquinha, as amizades são como os diamantes.
Por último, uma palavra de agradecimento para Alice que mostrou que os valores como solidariedade e a verdade não são incompatíveis. Isto apesar de não ter podido mergulhar connosco devido a uma indesejada/inesperada constipação.
8 comentários:
Gente de Timor,
Quando se fala em Jaco, a saudade dos tempos do sol nascente queima ainda mais.
Ao Blogger Jorge, um abraço grande; aos não conhecidos(as), mil beijos e abraços por estarmos juntos, tão longe.
José Escaleira
Malay bulak,
muitas saudades! Não só do local, da praia, do peixe grelhado e dos mergulhos (em Portugal, evito entrar na água para não congelar), mas também de ti, da Sofia e, claro, do meu paizinho. Ainda bem que saíram todos sãos e salvos e voltaram para contar. Mas, por favor, não nos assustem mais!
Bom fim de estadia e boas férias!
Rita
Que inveja amigo...:)
Lindo, saudades, são os meus sentimentos.
Ainda bem q correu tudo pelo melhor, continua a relembrar as nossas mentes com essas aventuras :)
Beijos e Abraços amigos para o Jorge, Sofia e os outras demais companheiros
Pedro Carvalho
Jaco... ponto final onde muita "vida" nasce.
Excelente relato de um fim de semana que imagino irreal.
Beijos e Abraços
André
Achei lindo
Obrigada
Beijos de brisa de mar
Maninha
Interessante
olá!palavras para quê...
continuas o mesmo aventureiro,beijos para todos.
Com um caneco... Grande aventura a vossa, mas dá para arrepiar a espinha...:/
Aproveito este comentário para apresentar uma amiga minha do surf... (além da bicla como sabes tou agora dedicado ao surf...;) que é a Patrícia Pais de Matosinhos e está aí em Díli há uma semana consulta o blog dela:
http://malaenopaisdosolnascente.blogspot.com/
Se a encontrares dá-lhe beijinhos meus e apresenta-lhe praias para ela continuar a praticar o surf...:)
Um abraço.
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